A história da escravatura do séc. VII até aos dias
de hoje
Esta é a história de um mundo onde o comércio de
escravos desenhou os seus territórios e as suas próprias fronteiras. Um mundo
onde a violência, a opressão e o lucro impuseram as suas rotas.
A história da escravatura não começou nos campos de algodão. É uma tragédia
muito mais antiga que se desenrola desde os primórdios da Humanidade.
A partir do séc. VII e durante mais de mil anos, a África foi o epicentro de um
gigantesco tráfico global. Este sistema criminal moldou o nosso mundo e a nossa
história. A amplitude deste tráfico é tal, que durante muito tempo foi
impossível explicar todos os seus mecanismos.
Nesta série documental volta-se a percorrer as rotas da escravatura, abordando
as suas consequências na sociedade contemporânea.
Episódio 1
476-1375: PARA ALÉM DO DESERTO
A partir do séc. VII e durante mais de mil anos, a
África foi o epicentro de um gigantesco tráfico global. Núbios, Fulas,
Mandingas, Songais, Sossos, Akans, Iorubás, Igbos, Bacongos, Ajauas, Somalis...
Mais de 20 milhões de africanos foram deportados, vendidos e submetidos à
escravatura. Este sistema criminal moldou o nosso mundo e a nossa história. A
amplitude deste tráfico é tal, que durante muito tempo foi impossível explicar
todos os seus mecanismos.
Episódio
2
1375-1620:
POR TODO O OURO DO MUNDO
No século XIV, a Europa
abre-se ao mundo e apercebe-se de que se encontra à margem da mais importante
zona de trocas comerciais do planeta.
Este mapa, o "Atlas catalão", aguça o apetite de conquistas dos
europeus. Mapa dos ventos, o Atlas guia os marinheiros como viajantes por terra
firme. Mapa político faculta informações sobre as forças em presença. Por fim,
como mapa económico, indica as rotas comerciais com destino a África e aos seus
recursos.
Um pequeno reino é o primeiro a lançar-se ao assalto das costas africanas:
Portugal. Na sua esteira, desenha-se uma nova rota da escravatura.
Episódio 3
1620-1789: DO AÇÚCAR À REVOLTA
A escravatura moldou a nossa história. Na Ilha de
São Tomé, os portugueses inventaram um modelo económico de rentabilidade inigualável:
a plantação de cana-de-açúcar.
No século XVI, toda a Europa procura imitá-los. Uma demanda pelo lucro que vai
mergulhar todo um continente no caos e na violência. Perto de 13 milhões de
africanos são apanhados nas redes da escravatura e levados para o Novo Mundo
onde ingleses, franceses, espanhóis e holandeses esperam tornar-se ricos...
imensamente ricos. Mais viciante do que a pimenta ou a canela, o açúcar alastra
pela Europa como um rastilho de pólvora. A partir do séc. XVII, o alimento raro
e dispendioso faz virar as cabeças.
1789-1888: AS NOVAS
FRONTEIRAS DA ESCRAVATURA
Em 1790, o tráfico negreiro atinge o seu zénite.
Mais de 100 000 cativos são deportados todos os anos.
No advento do séc. XIX, a violência dos negreiros dita a condenação do tráfico
transatlântico. Doravante, a Europa terá de encontrar um meio de enriquecer sem
recorrer a este tráfico, agora, imoral.
Nos anos que se seguem à proibição do tráfico, os europeus vão fazer recuar as
fronteiras da escravatura.
O Brasil guarda nele a herança dos últimos anos da escravatura.
No momento em que o comércio de escravos é proibido, uma segunda vaga de
deportações de cativos chega à Baía do Rio de Janeiro.
Com mais de dois milhões de escravos desembarcados no séc. XIX, o Rio tornou-se
o maior porto de tráfico do mundo.